sábado, 27 de março de 2010

O planeta azul


Problemas corriqueiros ou inusitados pululam nos meios de comunicação:
julgamento do casal Nardoni, pai sem habilitação atropela e mata filha de 12 anos, menina abandonada em hospital psiquiátrico, cadeias desumanas no
Espírito Santo, policiais achacando e roubando. Nesse clima de horrores,
surgem profetas catastróficos anunciando o fim da terra para dezembro de 2012. Um perigoso alinhamento, imaginário e falso. E não faltam os crédulos que imediatamente se apavoram com esses harúspices irresponsáveis.
Como dizia alguém, “esse mundo é um bazar sortido. Tem de tudo”. Essas preocupações fazem lembrar outras do famoso James Lovelock (*1919), cientista inglês, que aventou a hipótese de a terra ser um organismo vivo e em evolução. Esse maravilhoso planeta teria em torno de quatro bilhões
de anos, quase um quarto da idade do universo. E a vida que precedeu
os humanoides provavelmente já contaria por volta de um bilhão e meio de anos, enfrentando vulcões, tempestades, tsunamis, animais ferozes, secas, e
várias outras intempéries. Não cabe nesse artigo discutir a várias hipóteses e inventos de Lovelock, autor polêmico em muitos assuntos. Mas em seu último
livro, “Gaia: alerta final”, da Editora Intrínseca, ele aborda, entre outros
temas, a questão da evolução e da importância do ser humano habitante da terra, que é chamada de gaia. A salvação do nosso planeta, que se autorregula, só tem sentido porque ele abriga a vida. Essa vida, do humano, é que precisa ser entendida e preservada. Citando o pensador norte-americano
William James (1898-1944), Lovelock lembra que “o homem nunca tem o bastante sem ter em demasia”. O consumismo desenfreado pode ser um dos fatores do temido aquecimento global e de outras ameaças a algum tipo de vida. Cabe a esse homem pensar e refletir sobre a sua própria existência, com
fundamentos na ciência moderna que é relativamente muito nova. Vou encerrar transcrevendo a página 43 da citada obra: “O que mais me comoveu quando escrevia este livro é o pensamento de que nós, seres humanos, somos
importantes em termos vitais como parte de Gaia, não através do que somos agora, mas pelo potencial como espécie para sermos os progenitores de um animal muito melhor. ...para continuarmos a melhor desempenhar esse
papel, teremos de garantir nossa sobrevivência como espécie civilizada e não retroceder a um aglomerado de tribos guerreiras...”
enviada por Luis Viegas de Carvalho