sábado, 20 de março de 2010

O mundo de Lurdes - 4


Os leitores continuam a se manifestar sobre o mundo de Lurdes. Como disse uma professora de Minas Gerias, essa figura espelha uma boa parte do povo
brasileiro. Perguntou-se sobre a opinião de Lurdes a respeito das ditaduras
e das violações dos direitos humanos, praticadas pelos Castro, pelo Chávez e por aquele rapaz lá do Irã. Já ouvira o que se passava na cabeça de minha amiga. Da Pérsia, ela só tinha notícia de tapetes que enfeitam casas de turcos
ricos. No rádio, ouvira falar de bomba atômica para acabar com judeus, o que teria deixado o Obama tiririca. Ficou preocupada, pois isso pode sobrar para nós aqui. Em São Paulo, ela tem conhecidos judeus, japoneses, negros e paraibanos. Em sua opinião, tudo é gente igual e digna de respeito. Diferença de olho e de cor é só aparência. Não muda nada. Todos choram, riem, lutam,
amam e defecam, disse ela com outras palavras menos elegantes. Então, sobre esses assuntos internacionais, lembrei-me de Benedito Valadares Ribeiro, exgovernador de Minas Gerais. Foi procurado por um assessor – pode
ter sido o Fernando Sabino – de quem ouviu que o Correio da Manhã lhe fazia graves acusações, a seu ver infundadas. Sua Excelência teria lhe respondido
que não se preocupasse, pois, “em Pará de Minas ninguém lê esse jornal”. O eleitorado do citado político se situava naquela região do oeste mineiro. O mesmo se passa no mundo de Lurdes no tocante às relações internacionais.
Essas notícias saem numa imprensa que está fora do alcance dos analfabetos e dos pobres. Eles não podem comprar jornais e nem têm tempo para lê-los. Em outras palavras, para Lurdes só existe aquilo que ela vê. Tudo o mais se passa ao lado. Já entramos no período eleitoral e eleitoreiro. Nesses tempos
trava-se uma guerra, onde “mentira é como terra”. O pior é que alguns letrados, ou os que assim se acham, ficam também mergulhados em dúvidas. O que é verdade na mídia? A ficha é mesmo limpa? E a suja, é mesmo suja? São
assuntos para uma reforma eleitoral, impedida por
enquanto por interesses outros que não o bem comum. Na semana passada Lurdes foi acometida de grande tristeza. Disse ter ficado sabendo de uma
chacina em São Paulo, numa igreja de crentes, onde mataram Zé Apocalipse, uma tal de dona Marta, um Zé Malária, Geraldão e Geraldinho, entre outros. E ela se perguntou, atônita: “onde esse mundo vai parar”?
envida por Luis Viegas decarvalho