sábado, 6 de março de 2010

Mulher


Segunda-feira o mundo inteiro estará celebrando o Dia Internacional da Mulher. Em meio à justa euforia provocada pela data, seria bom não esquecer que em
nossa terra inúmeros machistas – pais, irmãos e maridos – ainda procedem como se fossem donos de suas filhas, irmãs ou esposas. Espero que esses energúmenos estejam com os dias contados. Ao enfocar o tema, não se pode deixar de olhar também para outros recantos do mundo. No ano passado, a Organização Mundial da Saúde afirmava que na África subsaariana 130 milhões de mulheres ainda eram vítimas de infibulação e que, a cada ano,
2 ou 3 milhões de pré-adolescentes sofrem essas mutilações desastrosas.
Adjetivos insultuosos ou jocosos a respeito da mulher se multiplicam, tais como tagarela, barbeira, largada, perdida, à toa, purpurina, chuteira, gasolina e outros. Parece que esse palavreado é uma reação de impotência diante do mistério feminino. E o coração é terra que ninguém vê. Segredo e riqueza ao mesmo tempo. Mas, como disse o famoso Marquês de Maricá, “pode-se graduar a civilização de um povo pela atenção, decência e consideração com que as mulheres são educadas, tratadas e protegidas”. O Marquês deixou o recado para os bons entendedores. Dispensam-se mais palavras ou comentários. Mas acho que a data é também para festas e lembranças agradáveis ou, pelo menos, sem tristezas. Felizmente os movimentos
que lutam pela libertação da mulher tomam corpo de uma maneira cada vez mais significativa. Algumas nações do chamado mundo livre, capitaneadas pela Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), chegaram mesmo a invadir militarmente um país, o Afeganistão, para, entre outros absurdos, tentar dar fim a uma aviltante opressão imposta pelos talibãs, então no poder, às mulheres e até às crianças do sexo feminino. Mas a raiz da revolução talvez esteja no núcleo familiar, nos relacionamentos domésticos. Isso faz lembrar o velho provérbio chinês: “Antes de começar o trabalho de mudar o mundo, dê três voltas dentro de sua casa”. E a mãe sempre foi a principal responsável pela vida do lar. E, para terminar, uma observação da sempre lembrada e
exemplar Cora Coralina: “Sou aquela mulher que fez a escalada da montanha da vida, removendo pedras e plantando flores”.
enviada por Luis Viegas De Carvalho