quarta-feira, 18 de novembro de 2009

15 de Novembro

Feriado nacional que floreia a imaginação infantil. Nas escolas o hino da proclamação da república reboa nos ouvidos da criançada que pouco entende daqueles versos de Medeiros de Albuquerque: “Liberdade, liberdade, abre as
asas sobre nós... Livre terra de livres irmãos”.
O episódio comemorado aconteceu no dia 15 de novembro de 1889. Dias depois, Dom Pedro 2º e a família real foram embarcados para a Europa, deixando para trás mais de 40 anos de história de um governo parlamentarista.
Passaram-se 120 anos, com interregnos de ditaduras e alguns benfazejos
períodos democráticos.Tentando compreender as forças claras e ocultas que tecem a história da humanidade, é bom lembrar algumas datas que antecederam a implantação da nossa república.A revolução francesa conteceu
em 1789, sob o lema de liberdade, igualdade e fraternidade, derrubando a monarquia absolutista. Em seguida surge Napoleão, conquistando povos e
terras, ocupando inclusive Espanha e Portugal. A dinastia lusitana, personificada em Dom João 6º, refugia-se no Brasil em 1808. Em 1815 o país deixa de ser colônia e o Rio de Janeiro passa a sediar a corte do recém-criado
Reino Unido de Portugal, Brasil e Algar ves. Outras ideias e movimentos
fervilhavam aqui e além mar. Na França, ganha foros de academia o pensamento de Augusto Comte (1798/1857), ensinando que talvez
racionalmente se pudesse planejar a organização das nações e da sociedade. Começava o positivismo. Durante a guerra da tríplice aliança contra o Paraguai, os militares brasileiros entravam em contato com soldados de países
vizinhos, republicanos (1864/1870). Em 1888 foi abolida a escravatura, trazendo insatisfação aos grandes fazendeiros donos de escravos.Esse caldeirão favoreceu a implantação da república. Ela saiu vitoriosa sem o derramamento de uma gota sequer de sangue, mas também sem nenhuma
participação popular. E agora, 120 anos depois? A liberdade abriu suas asas sobre nós? Somos hoje terra livre de livres irmãos? Enfim, os republicanos
liberais e positivistas conseguiram dirigir a história do Brasil?
Pensar é perigoso, mas pode ajudar e muito.

Luiz Viegas de Carvalho
é psicanalista