sábado, 13 de fevereiro de 2010

INFERMOS



Anteontem foi o Dia Mundial do Enfermo. Qual seria o objetivo desta data no calendário comemorativo? Talvez seja chamar a atenção dos governantes e da sociedade em geral. Para quê? Os doentes, do corpo e da mente, indefesos, necessitam de cuidados. Eles, assim como a criança e o idoso, dependem de outro ser humano ou de poderes transcendentais para sobreviver. Essa data
pode e deseja despertar a consciência da solidariedade O enfermo do corpo é agredido pela dor. E sozinho fica impotente perante o sofrimento agudo, às vezes com sinais de aviso de morte. Dores de nervo exposto, de fraturas
em acidentes, de sarcomas, carcinomas, envenenamentos, gangrenas e de vários outros males clamam por socorro urgente. Sente-se, no convívio
social, relativo despreparo para atendimentos emergenciais. Seria muito oportuno não só saber os números de telefones de prontos-socorros, hospitais e postos de saúde, mas também estar preparado para tomar atitudes concretas nessas horas cruciais para o doente ou acidentado. Assim como se aprende o alfabeto para a leitura, não seria conveniente saber também rudimentos de primeiros socorros para o alívio dos enfermos? A deficiência nessa área é enorme e muitas vidas se perdem por falta de tais habilidades. Uma
vez num posto de saúde ou hospital, começa outra via crucis causada
pela espera, pela burocracia desonesta dos planos de saúde e por outros desleixos lastimáveis nos estabelecimentos públicos e privados.
E o doente mental? No benfazejo movimento de libertá-los dos dramas de uma internação desumana, talvez tenha havido esquecimento de que eles, ncluindo-
se nessa classificação os dependentes químicos, não podem ser abandonados quando estão em risco a sua própria vida e também a de seus semelhantes,
especialmente os familiares. Se a família não dá conta da tarefa ou se sente ameaçada, a internação é necessária para o bem do doente e da sociedade.
O poeta português Miguel Torga (12/8/1907-17/1/1995) escreveu:
“Só havia três coisas sagradas na vida: a infância, o amor e a doença. Tudo se pode atraiçoar no mundo, menos uma criança, o ser que nos ama e um
enfermo. Em todos esses casos, a pessoa está indefesa”.

Luiz Viegas de Carvalho