sábado, 26 de dezembro de 2009

V identes




Horóscopos, cartomantes, numerólogos, ciganas, tarólogos, jogadores de búzios e todo o exército de harúspices estarão a postos para anunciar previsões para o Ano Novo de 2010. Se não houvesse leitores e ouvintes, todos eles estariam bem caladinhos. Mas, platéia é o que não falta. Há ainda os curiosos que, afirmando não crer em bruxas, admitem que “las hay”. Um dos enigmas que mexem com a mente humana é o desejo de saber o que vai acontecer com o mundo, com o país e sobretudo consigo mesmo. Nostradamus e outros adivinhos menores vaticinaram. Poucos se lembram do repetido dito popular “o futuro a Deus pertence”; e não consta que Ele o tenha revelado a alguém. Trata-se de uma incógnita racionalmente insolúvel. Mas os pregoeiros do futuro pintam e bordam, pois em geral não se confere se a profecia de fato se realizou ou não. O fim de cada um no planeta é certo. A data é que não se sabe. O fim da terra ou do universo, nem se sabe se existirá.
Juscelino Nóbrega da Luz, acreditado por muitos, nasceu em Maringá, PR, em 7.3.1960. Como todo pseudoprofeta, ele disparou inúmeras previsões que tive a pachorra de anotar. Começou garantindo que Geraldo Alckmin seria eleito presidente do Brasil. E Lula acaba de chegar de Copenhague, onde falou e esbravejou no meu, no seu e no nosso nome. Prosseguiu afirmando que
o papa Bento 16 sofreria um atentado no dia 16.3.2006. Passou a data e o Pontífice continua firme e forte. Previu também que um tornado atingiria
o Rio de Janeiro no dia 19.10.2007, causando milhares de mortos. As mortes continuam, por balas perdidas, homicídios e latrocínios. Seriam esses os tornados? Para 2008 ele anunciou a descoberta de uma vacina contra a AIDS, chegando com ela a cura da praga. E para 2009 assegurou que o déficit do
INSS atingiria um trilhão de reais, provocando um caos fatal no país, pois não
haveria dinheiro para pagar aposentados e pensionistas. Felizmente o ano está quase no fim e continuo recebendo em dia a minha modesta aposentadoria.
O povo costuma afirmar de uma maneira jocosa que enquanto houver cavalo no mundo São Jorge não anda a pé. A ilusão, a vontade de tornar o desejo uma realidade faz parte da condição humana. Ninguém segura o sonho
de desvendar o porvir.

Luiz Viegas de Carvalho
é psicanalista