Amanhã os cristãos celebram o Dia da Bíblia. A palavra Bíblia significa livros. Eles são dois. O primeiro, o Velho Testamento, é muito anterior a Cristo. O outro, o Novo, onde se encontram os evangelhos, foi escrito após a morte do Nazareno. Para judeus e cristãos o autor da Bíblia é o próprio Deus que teria
usado seres humanos para contar histórias da origem da vida, o seu significado e o seu destino. Esses ensinamentos ocorrem quando se fala de Adão e Eva, Noé e o dilúvio, Davi e seus salmos, Jesus de Belém, Maria de Nazaré, José, o carpinteiro, Madalena, Pedro, Judas, Atos dos Apóstolos, Apocalipse e outros.
As tiragens da Bíblia, nas mais variadas línguas, a colocam sempre em primeiro lugar no número de edições e de leitores.Chama a atenção o fato de ela interessar não somente aos crentes, mas também a pessoas desligadas de qualquer religião. Sábios e estudiosos da condição humana folheiam as suas páginas com frequência. Robert Crumb, um ilustrador, afirma que é um “texto
poderoso, com camadas de significados que mergulham fundo em nossa consciência histórica... parece um empreendimento coletivo que evoluiu e foi sendo condensado por várias gerações...” Entre os livros do Antigo testamento,
há um chamado Eclesiastes. Seu autor teria sido o rei Salomão. Alguns especialistas, mesmo religiosos, acham o texto cheio de heresias e contradições. Parece um pensador tentando explicar o sentido da existência. Para destacar o Dia da Bíblia, é agradável lembrar o capítulo XII sobre a velhice: “Lembra-te do teu criador nos dias da tua juventude... Antes que se obscureçam o sol, a luz, a lua e as estrelas...; quando os guardas da casa começarem a tremer e cambalearem os homens robustos...; quando enfraquecer o barulho do moinho e as pessoas se levantarem ao canto dos pássaros, silenciadas as vozes das canções...; então a amendoeira embranquecerá de flor, o gafanhoto se tornará pesado e a alcaparra perderá a
sua força. Pois o ser humano se encaminha para a morada eterna e os pranteadores já rondam pelas ruas. Antes que... a jarra se quebre na fonte e a roldana se arrebente no poço, antes que volte o pó à terra, de onde
veio, e o espírito retorne a Deus, que o concedeu...” O narrador ou pregador, Coelet, que significa professor, repete: “Ilusão, pura ilusão”, quase a dizer que nenhum valor conhecido oferece a segurança de imortalidade com a qual nos acostumamos teimosamente a sonhar.
Luiz Viegas de Carvalho
é psicanalista
enviado por Luis Viegas